29 de novembro de 2011

Outra



















                            
                         Sempre me acusei de ser eu mesmo.
                                        
(Pierre Drieu La Rochelle)

Não sei ser outra
que não eu mesma: angustiada
e triste.

Vivo tentando ser aquela
que não existe:
forte, segura, leve.

E por mais que a este sonho
eu me entregue,
o esforço é vão,
não consigo mudar.

E como é terrível, meu Deus,

– e doloroso – me aceitar.
 

27 de novembro de 2011

Herança

Dona Zezé, mãe do amigo Mayrant Gallo

1.
O frescor do seu abraço,
seu beijo carinhoso, seu colo,
sua doce voz a embalar
meu sono.

2.
O seu corpo sem vida,
palavras de consolo, choro.

3.
O seu cheiro no travesseiro,
sua imagem esquecida
no porta-retrato.






Poema inspirado na dor do protagonista da novela Moinhos, escrita por Mayrant Gallo, e na dor do meu amigo, que perdeu a sua mãe, Dona Zezé, no dia 18.

13 de novembro de 2011

Viagem

Penélope tecendo, de Giovanni Stradano
















Queria ter o poder
de me proteger da memória
de apagar da minha história,
qualquer vestígio teu.

Mas isso é devaneio meu,
eu nunca me escondo
vivo sob os escombros
do que restou.

Não tenho o domínio
dos meus pensamentos:
a todo o momento,
as lembranças batem
à minha porta.

A cabeça
não me obedece
e, enquanto a mão tece,
fico esperando
a tua volta.

12 de novembro de 2011

Eterno



Tenho de ti tanta saudade...
E sendo leve te atravesso
Como ao vento da tarde

VILMA, Ângela. Poemas para Antonio. Salvador: P55 Edições, 2010.



Saudades de Ângela, que é assim como a sua poesia: bela, leve, terna, eterna, alada. Acabo de chegar de viagem, estava em Brumado. E só agora pude vir aqui desejar um FELIZ ANIVERSÁRIO a minha amiga, que tanto adoro e admiro. Espero que ela me perdoe pelos dias de atraso. PARABÉNS, Aero, sinta-se abraçada. Você é uma amiga especial, sempre por perto, apesar da distância.