30 de setembro de 2011



TEMPESTADE

Hoje,
acordei nuvem
e não consigo parar
de chover.

22 de setembro de 2011


"[...] sinto uma tristeza que já esperava e que vem só de mim. Que sempre fui triste. Que vejo essa tristeza nas minhas fotografias da infância. Que hoje essa tristeza, sentindo-a como a mesma que sempre senti, quase pode ter o meu nome, tanto ela se parece comigo."

DURAS, Marguerite. O amante. Rio de Janeiro: Editora Record, 1984.

11 de setembro de 2011


DOMINGO

Antes,
eu contava as horas
para te ver.

Agora,
só quero que chegue
a noite, para voltar
a adormecer.

8 de setembro de 2011












CHOCOLATES E FLORES
 
Essa semana, ganhei de uma amiga linda – Daniela Rodrigues – uma caixa repleta de chocolates e de flores. E nela havia, também, dois cartões. No primeiro, estava escrito: Chocolates, para adoçar um pouco o amargo da vida e, no segundo: Flores, para tornar a vida um pouco mais leve. E minha vida, sem dúvida, ficou mais doce e mais leve. E não, apenas, pelos chocolates e pelas flores, mas por tudo que chegou até mim, escondido por trás da leveza das flores e da doçura dos chocolates: o carinho, a amizade, a preocupação, a atenção, o tempo que ela dedicou para montar um presente tão lindo e delicado. E diante de tudo isso, sei que o tanto que eu agradecer, aqui, ainda será pouco.

5 de setembro de 2011

Recebi duas demonstrações de carinho e amizade, duas belas poesias: PARTILHA, do amigo e padrinho Thiago Lins e DESCOBERTA, da amiga Marcela Soares. Estou sem palavras, emocionada mesmo. Nem sei mais como agradecer. Com certeza, "a amizade é coisa séria, talvez mais que o amor." (Eric Rohmer)















PARTILHA
Para Lidi Nunes

Queria consertar tudo
com uma máquina do tempo

Queria cantar uma canção
para embalar os homens
(Ah, Drummond!)

Queria contar que sim,
a vida vale a pena,
e morreremos todos felizes

Queria escrever um
verso,
partilhar sua dor,
e dizer também que sim,
morremos de amores

Mas a vida não se altera
(Ah, Olavo!)
e a tristeza em mim
só permite doar
este poema.












DESCOBERTA
para Lidi Nunes

No verdeazular
vasculhas...

Pedra, areia,
molusco!

À enseada de meu coração
admiras molemente um ponto.

Abres à faca
minha umidade

sorves a viscosidade
e meu ser.

E ostreia-me.
Escorrem pérolas...

Pérolas?
Calcificarei-lhes.

Sou concha,
em mar aberto, bravio.

4 de setembro de 2011

Um desabafo, apenas
















Alguns amigos têm me ligado para perguntar como estou, estranhando a minha ausência do mundo virtual. A verdade é que não gosto de expor os meus problemas, fico sem graça, pois parece que estou me fazendo de vítima, pedindo palavras de consolo. E não é nada disso, sei que minhas dores são só minhas. Mas, de certa forma, preciso de um desabafo. Não ando bem. Parece que quando uma tempestade nos alcança, não vem sozinha. A minha mãe diz que "um abismo chama outro abismo". Como se não bastasse o motivo da minha recente tristeza, estou passando por dificuldades no cursinho que sou sócia, quase tendo que entrar numa ação judicial; perdi um celular novinho, que tinha acabado de comprar; estou sentindo fortes dores nas costas - fui parar na emergência de um hospital - sem saber a real causa delas; minha irmã do meio está se recuperando de uma histerectomia e a mais velha internada, depois de um princípio de derrame. Não paro de me perguntar o porquê de tantos problemas de uma só vez. Será que tenho tanto pecado assim? Queria ser forte, passar por todas essas coisas de cabeça erguida, sem perder a alegria. Mas esta pessoa não sou eu. E a cada dia que passa, torno-me mais cética em relação à vida, à humanidade. Sim, hoje estou naqueles dias que preferiria mesmo não existir, como diria Bartleby.

"Existirmos: a que será que se destina?" (Caetano Veloso)