18 de março de 2012

Sereia



        Preferia uma praia, mas como morava em uma cidade na qual o mar não fazia parte dos cartões-postais, passou o dia inteiro numa piscina. E esta alternativa não a desagradou. Poder estar dentro d’água, nadando até os braços e as pernas perderem as forças, não desejaria nada melhor para um domingo. Pensa, às vezes, que deveria ter nadadeiras em lugar dos pés. Sai da piscina, volta ao quarto, deita na cama, dorme. O sol entra pela janela. Se pudesse, ficaria ali, por mais algumas horas, ou levantaria apenas para cair, de novo, na piscina. Começa a se imaginar morando em um aquário. No entanto, precisa acordar, trabalhar, viver. O dia nasceu. Ela também. E uma mulher, não um peixe.