27 de agosto de 2011

Acho que precisava passar por momentos de tristeza para perceber que tenho grandes amigos. E o poeta Paulo André - que mantém o blogue Intestino Grosso II - é um deles. Obrigada, amigo Paulo, por tuas "palavras belas".



Queria te dizer palavras belas, amiga,
palavras que lavassem tua dor e tristeza.
Mas sou da estirpe dos desiludidos,
Por isso, só posso te dizer, amiga:
“A vida não vale a pena e a dor de ser vivida.
Os corpos [às vezes] se entendem, mas as almas não”.

22 de agosto de 2011
















O que fazemos quando um relacionamento termina? Como agimos se ainda o amamos? Onde escondemos este sentimento que quer explodir da caixa do peito? No fundo da mala, debaixo da cama, dentro da gaveta?  Para qual direção olhamos, se tudo a nossa volta nos faz lembrar dele? Nos apaixonamos outra vez? Por que sofremos por amor? Será que, um dia, a gente esquece?

19 de agosto de 2011

No domingo passado, comentei no Estranhamentos - blogue da minha amiga escritora Mônica Menezes - que eu estava triste. Ela não precisou me perguntar o motivo das minhas dores para me escrever um bilhete-poema lindíssimo e fazer a leitura da minha alma. Mônica tem esse dom. E eu fico tão emocionada ao saber que tenho amigos especiais que me querem bem. Vejo que não estou mesmo sozinha. E só me resta agradecer por todo esse carinho.





















Bilhete


Para Lidi

oh, querida amiga,
se você morasse nesta cidade
eu te convidaria para um chá de maçã com canela na minha casa
e conversaríamos horas a fio sobre nossos abismos
enquanto uma chuva fina caísse lá fora

escuta
viver é sempre desmesurado difícil
mas há tanta beleza ao longo dos caminhos

agora mesmo
a senhora vizinha começou a cantarolar uma valsa triste
lembrando-se, talvez, de um grande amor

17 de agosto de 2011



















A MENINA E O PÁSSARO

A menina sempre soube que era frágil demais, que sofria antes do tempo, que chorava à toa. A professora da menina, um dia, disse à sua mãe: - Essa sua filha é um cristal. A menina sempre foi muito protegida por todos. Um dia, a menina encontrou um pássaro, em cima de uma árvore, ferido, e ela o amou como nunca tinha amado na vida. Mas a menina não soube cuidar do pássaro e, ao invés de curar as suas feridas, ela as tinha deixado abertas. O pássaro andava triste e a menina achava que ele se contagiara com uma tristeza que era dela, desde pequenina. De repente, a menina cresceu e decidiu que iria levar o pássaro para casa e fazer, de uma vez por todas, com que aquela dor que ele sentia passasse. A menina acreditava que o mundo a ensinaria ser mais forte e que sempre haveria uma segunda chance. E quando a menina se entregou de corpo e alma a este sonho e foi ao encontro do pássaro, ele não mais estava lá.

15 de agosto de 2011

A persistência da memória - Salvador Dalí (1931)















ETERNO

Haverá um tempo
em que
o nosso encontro
será sem despedida,
o meu relógio,
sem medida
e o meu calendário,
sem data.

Haverá um tempo
em que poderei ser tua,
inteiramente tua,
mais nada.

10 de agosto de 2011

 

FERIDA

Como uma borboleta que acaba de sair do casulo, descobre que pode voar e tem as suas asas arrancadas por um menino cruel que sente prazer em brincar de Deus. Assim eu me sinto.


7 de agosto de 2011

METADE
Composição: Adriana Calcanhoto

Eu perco o chão
Eu não acho as palavras
Eu ando tão triste
Eu ando pela sala
Eu perco a hora
Eu chego no fim
Eu deixo a porta aberta
Eu não moro mais em mim.

Eu perco as chaves de casa
Eu perco o freio
Estou em milhares de cacos
Eu estou ao meio
Onde será
Que você está agora?

4 de agosto de 2011



















VAZIO


Sozinha,
no meu quarto frio,
cheirando a mofo,
tento decifrar
quem sou.

Horas e horas,
devorando-me:
apenas dúvidas,
incertezas,
mais nada.

E eis que eu,
que já acolhi tantas
dentro de mim,
me descubro casa
desabitada.