30 de outubro de 2010



DEUS
Para Mayrant Gallo

A única crença
que me resta.

25 de outubro de 2010













Mario Quintana e o cânone: um reconhecimento tardio

Mario de Miranda Quintana nasceu na cidade de Alegrete, Rio Grande do Sul, no dia 30 de julho de 1906. Estudou os primeiros anos em sua cidade natal, mudando-se em 1919 para Porto Alegre, onde publicou as suas primeiras produções literárias. Além de ter trabalhado cinco anos em farmácia paterna, foi empregado de vários jornais. Traduziu mais de cento e trinta obras da literatura universal. Em 1940, lançou o seu primeiro livro de poesias, A rua dos cataventos, iniciando a sua carreira de escritor. 

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13 de outubro de 2010

















CHUVA

Contemplava a tempestade. Sempre gostou de fazer isso. Sentia-se bem. Limpa. Mas, naquele domingo, o que para ela era uma espécie de ritual, tinha um significado maior. Estava prestes a tomar a decisão mais difícil de sua vida. Passou a noite escrevendo. Agora se encontrava ali, parada, os olhos vidrados na janela. Enfim, moveu-se. Caminhou até a cozinha, abriu uma gaveta. Depois de alguns segundos, estava no quintal, tomando banho de chuva, purificando-se, lavando o vermelho que escorria de suas mãos.

10 de outubro de 2010















O SOL POR TESTEMUNHA

Adaptação livre do romance policial O talentoso Ripley (1955), de Patricia Highsmith, o filme O sol por testemunha (1959), dirigido por René Clément, promove no espectador um deslocamento e uma subversão: o ponto de vista é o de um assassino, e estranhamente não o repudiamos.
Tom Ripley (Alain Delon) faz um acordo com um milionário, que deseja o filho, Philippe Greenleaf (Maurice Ronet), de volta aos EUA. Ripley aceita a missão em troca de uma generosa quantia. Parte, assim, para a Itália, onde Philippe vive com a namorada, Marge (Marie Laforêt). Philippe é um típico playboy, que não tem muitas preocupações, a não ser a de gastar dinheiro e curtir a vida. Ripley, por sua vez, é um jovem pobre, mas com inúmeras habilidades, como, por exemplo, o grande talento em imitar a voz e os gestos de uma pessoa, bem como o de falsificar assinaturas. Philippe apenas tolera Ripley enquanto este o serve como um brinquedo, enquanto o diverte. Finda a brincadeira, é preciso colocá-lo em seu devido lugar. O tempo todo Philippe humilha o "amigo", chegando ao ponto de deixá-lo, por várias horas, exilado num bote amarrado ao barco em que estavam, sob um sol escaldante, causando-lhe forte insolação. Ripley, cínico e com a fina ironia que lhe é peculiar, finge não se importar com isso. No entanto, como já invejava Philippe, sua fortuna e sua namorada, vê neste fato a justificativa perfeita para o plano que tinha arquitetado: matar Philippe. E ele o faz, tendo o sol mediterrâneo, às suas costas, como a única testemunha. E em lugar da escuridão da noite, o sol inclemente, quase branco de tão intenso: o que representa uma quebra de regra do que se convencionou chamar de cenário ideal para um filme noir.
Ripley assume, então, a identidade de Philippe, toma posse dos seus bens e conquista a sua namorada, Marge. Tudo perfeito, se não fosse por um pequeno detalhe: ter deixado um vestígio do crime: o corpo de Philippe, emaranhado ao casco do navio, e que será descoberto no desfecho do filme. Na referida sequência, Tom Ripley está na praia e é chamado para atender a um telefonema, sem saber que policiais o esperam. Não é necessário explicar o que vai acontecer depois disso. O espectador já sabe. Por isso, o desenlace é apenas sugerido. Sugerido, pois Ripley, destro e escorregadio, é capaz também de se esgueirar da polícia. Portanto, o final é aberto.
 Além de uma envolvente história policial, O sol por testemunha conta com uma bela fotografia e excelentes atuações, com destaque para o francês Alain Delon. E, como já foi dito, nos acontece uma estranha transformação ao assistir a este filme: criamos uma forte empatia com o criminoso, não conseguimos sentir raiva de Tom Ripley. Contemplamos seus atos até com certo pesar, sem dúvida, mas sem detestá-lo, condescendentes; talvez devido à sua beleza e ao seu charme, que, no caso, são de Alain Delon. É, talvez.

1 de outubro de 2010















Eu tenho um amigo muito especial, o Anônimo, um escritor de belos poemas e minicontos, que resolveu entrar no jogo da blogosfera. E eu estou aqui, simplesmente, para divulgar o blogue dele, pois embora ele insista em continuar No anonimato, seus versos precisam ser lidos. A literatura agradece.