![]() |
Os jogadores de cartas, de Cézanne |
Apostou alto. Imaginou que ganharia de novo. Era
bom nisso. Há anos frequentava o cassino. Perdia algumas vezes, mas, ao final,
sempre saía satisfeito. Quase não parava em casa, pouco via a mulher e a filha
recém-nascida, mas o que importava mesmo era dar o conforto que elas mereciam.
Como suspeitara, ganhou mais uma vez. E, apesar de grande jogador, nunca havia
faturado tanto. Definitivamente, era o seu dia de sorte. Nem acreditava na quantia que
iria entregar à família. A mulher, que andava chateada com ele, ficaria contente. Agora, ela ainda estaria nos trilhos, indo visitar a mãe. Mas assim que ela chegasse de viagem, ele contaria a novidade. Não via a hora. Rindo alto, levantou-se, apanhou o chapéu e
preparava-se para sair quando um colega o segurou no braço e falou,
desconcertado, sobre o acidente de trem. Ainda absorto, ele pôs a mão no bolso,
depositou todo o dinheiro sobre a mesa e, em silêncio, atravessou a porta.
Sempre cintilante a tua escrita e tocando na ferida de forma crua. O drama do jogador e o drama do leitor que não sabe que ponto final põe na tua (mini} narrativa. O que se pode querer mais. É continuar o entrelaçamento do amor e do jogo e seguir buscando a felicidade.
ResponderExcluirbeijo, Lidi!
Obrigada por mais essa leitura, amigo José Carlos. E saiba que foi um grande prazer conhecer você, pessoalmente, lá na Bienal.
ExcluirSempre gentil e generosa. E encantadora pessoalmente. Além dessa escrita fina, delicada, incisiva.
ResponderExcluirUm 2014 radioso para você também, sobretudo com muita arte da sua pena.
beijo,
Joia, caríssima, comovente e irônico (que azar é esse tal destino).
ResponderExcluirAquele abraço. T
Obrigada, caríssimo. Fico feliz que tenha gostado.
ExcluirAquele abraço. L
Como diria um amigo meu simplesmente impactante.Direto, sutil e impactante. Parabéns Lidi!
ResponderExcluir