Tenta dormir. Pela milésima vez, vê o seu rosto. Acorda assustada, suando frio, mas não desperta. Aquela imagem resiste aos olhos abertos. Deus, definitivamente, parou de escutar as suas preces. Oito meses se passaram e ele permanece. Já cortou encontros, telefonemas, palavras escritas e outras dores. Tudo em vão: “o passado não passa”, disse o poeta. A ponte rachou e ela continua no mesmo lugar. Não consegue vislumbrar outro caminho. A noite a invade. Ela se fecha em seu canto e veste os frios lençóis. Tenta dormir.
Texto belo que comove, Lidi; nele perpassam duas coisas indissolúveis e que se unem como prece: amor e solidão. Bjos
ResponderExcluirObrigada pelo comentário, Aero. Fiquei feliz por você ter gostado do meu texto. É isto: amor e solidão. Bjs
Excluirmuy bueno, lidi
ResponderExcluiro passado não passa porque ele é tudo que nós temos
hasta luego
Que bom que gostou, amigo Thadeu. Bjs
ExcluirA noite como pano de fundo sobre uma questão existencial pelo ente, na solitude em si. Saudações minhas.
ResponderExcluirObrigada pela leitura, Claudio. Um abraço.
ExcluirUma amiga psicanalista costuma dizer: "Tudo passa, mas antes passa pro corpo todo". Brincadeiras a parte, Lidi, estou aqui pra dizer da beleza do seu texto. Bjs.
ResponderExcluirObrigada, M. Bom saber que encontrou beleza nas minhas palavras. Saudades de você. Bjs
ExcluirLidiane,
ResponderExcluirOutro texto da sua lavra bem construído. Nele predominam as notas de melancolia, apesar da lua cheia ilustrando o texto, pois o binômio, noite e quarto, denuncia o estado de privação do sujeito, não deixando outra escolha ao criador, senão essa atmosfera. O campo semântico se encaixa como uma luva na tensão dramática a partir do espaço/tempo configurados nas palavras essenciais apontadas. É um texto curto, mas vigoroso, como tem sido a tônica dos textos postados no seu blogue. Perdido o Outro, é importante que o Eu não se perca, sabendo decantar o que aquele já proporcionou.
Abr.,
José Carlos
José Carlos, é sempre uma enorme alegria receber as suas generosas palavras. Obrigada pela leitura atenta, pelo comentário e por mais uma poesia dedicada a mim. Um abraço.
ExcluirCada vez mais me convenço que a noite nos quer acordados.
ResponderExcluirbeijosss
Verdade, querida Bípede. Bjs
ExcluirLidi,
ResponderExcluirEsse texto fez-me lembrar deste pensamento de Nietzsche, no seu livro "Além do Bem e do Mal", nº 158, Editora Escala, 2ª ed., São Paulo, 2007, p. 91:
"Não é somente nossa razão, mas também nossa consciência, que se submete a nosso instinto mais forte, aquelo que é o tirano em nós."
Abraços,
Pedro.
Obrigada, Pedro, pela visita ao Deslocamentos. Bacana saber que o meu texto fez você lembrar de Nietzsche. Um abraço.
ExcluirQue beleza ler palavras organizadas de forma tão poética transmitindo sentimentos que todo mortal já deve ter um dia experimentado.
ResponderExcluirAbração
Obrigada, colega. Volte mais vezes. Bjs
Excluir"Perdido o Outro, é importante que o Eu não se perca, sabendo decantar o que aquele já proporcionou."
ResponderExcluirO José Carlos, no trecho reproduzido acima, soube expressar muitíssimo bem o aconcelhamento aos que se corroem, presos em seus corpos, por uma dor que o tempo não leva...é atemporal e insistente. Quem dera sejamos sábios para tornarmos realidade o que o José falou...sabedoria dolorosa, domorada, sutil e triste.
Grande abraço Lidi!
Sim, o José Carlos tem razão. Mas tem sido tão difícil seguir o seu conselho. Obrigada, Sandra, por tuas palavras. E é sempre um prazer te receber neste meu canto. Um grande abraço.
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