Alguns amigos têm me ligado para perguntar como estou, estranhando a minha ausência do mundo virtual. A verdade é que não gosto de expor os meus problemas, fico sem graça, pois parece que estou me fazendo de vítima, pedindo palavras de consolo. E não é nada disso, sei que minhas dores são só minhas. Mas, de certa forma, preciso de um desabafo. Não ando bem. Parece que quando uma tempestade nos alcança, não vem sozinha. A minha mãe diz que "um abismo chama outro abismo". Como se não bastasse o motivo da minha recente tristeza, estou passando por dificuldades no cursinho que sou sócia, quase tendo que entrar numa ação judicial; perdi um celular novinho, que tinha acabado de comprar; estou sentindo fortes dores nas costas - fui parar na emergência de um hospital - sem saber a real causa delas; minha irmã do meio está se recuperando de uma histerectomia e a mais velha internada, depois de um princípio de derrame. Não paro de me perguntar o porquê de tantos problemas de uma só vez. Será que tenho tanto pecado assim? Queria ser forte, passar por todas essas coisas de cabeça erguida, sem perder a alegria. Mas esta pessoa não sou eu. E a cada dia que passa, torno-me mais cética em relação à vida, à humanidade. Sim, hoje estou naqueles dias que preferiria mesmo não existir, como diria Bartleby.
"Existirmos: a que será que se destina?" (Caetano Veloso)