31 de dezembro de 2014

A carta


Acorda, trabalha, se exaspera,
executa sua rotina nos mínimos detalhes
numa repetição enfadonha e desesperada
não se permitindo, nunca, uma hora a mais de sono,
um murmúrio, um mísero atraso.

Ama, sofre, sonha, espera,
como se valesse a pena todo e qualquer momento debaixo do sol,
ignorando que a cada passo que dá morre mais um pouco, se mata,
que cada pensamento seu é um adeus,
e que cada verso escrito, uma despedida, 
uma linha, um esboço
de uma carta suicida.

4 comentários:

  1. Lindo, Lidi! Transformar a tristeza em beleza é uma de suas marcas que mais admiro! Beijo!

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    1. Obrigada, amiga Érica. Fico feliz que tenha gostado. Eu também admiro muito a sua poesia. Um ótimo 2015 para você. Bjs

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  2. Lidiane, há de se perguntar quem nunca sentiu essa constelação nos nervos e nos ossos? Essa carta sem rasuras contém uma infinidade de assinaturas. Não sei se é um sopro no sopro sobre o abismo das palavras ou da vida. Belíssimo texto para fechar o ano com chave de ouro.
    Abraço forte,

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    1. Obrigada pelas palavras, José Carlos. Sempre bom ler o seu comentário. Um excelente 2015 para você. Um abraço.

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