2 de outubro de 2011

ANDRÔMEDA E OUTROS CONTOS

Confesso que ainda não conhecia a prosa de Ruy Espinheira Filho, apesar do autor já ter publicado contos, novelas e romances. O tom memorialista dos seus poemas já havia me encantado outrora, no entanto, com Andrômeda e outros contos eu me senti, completamente, transportada para muito longe dessa “rua vulgar, cinzenta” na qual habito.
Mas como não tenho pretensão de escrever crítica literária, até porque “Rilke dizia que não há nada mais distante da poesia do que a crítica, o que também serve para a ficção”, queria apenas deixar registrada a minha sensação ao ler os contos de Ruy Espinheira Filho: se “onde há literatura, sendo escrita ou lida, não há solidão”, posso afirmar que estive muito bem acompanhada por suas narrativas.
De fato, “o tempo passa, mas a memória fica” e isso acontece “para o bem ou para o mal”. E as pequenas histórias - epifanias - que o autor nos oferece, provam isso: as lembranças de um homem que, ainda menino, perde a inocência quando percebe que os aeroportos inauguram sem ele, levando o sonho, pois o mundo segue, mesmo com a nossa ausência; de uma senhora que, no final de sua vida, se encontra só, porque “de repente” todos morreram e nem a sua casa lhe restou, apenas a nostalgia e a preocupação com o filho, pelas estradas, “cada vez mais perigosas”; da irmã e do amigo de uma escritora que morre por se sentir cansada da espera de ver valorizada a sua literatura; de amigos que recordam um dia luminoso, de extrema clareza, e que não volta mais; enfim, as memórias de algumas almas leves e cintilantes a viajar pelo Tempo.
Ao ler Andrômeda e outros contos fui levada para frente daquela “porta verde num muro branco” como no conto de H. G. Wells. Ainda bem que não hesitei em adentrar esse mundo fantástico. Ainda bem que “existem editores que lêem os originais com capacidade de julgamento e aceitam arriscar seu dinheiro quando descobrem um bom texto. São raros, cada vez mais raros, mas existem”. Ainda bem que há iniciativas como as do Banco Capital e escritores como Ruy Espinheira Filho, que sempre nos levarão às portas verdes. E ainda bem que eu tenho um amigo escritor chamado Carlos Barbosa para me apresentar livros tão tocantes como o Andrômeda e outros contos.
      Só lamento mesmo não ficar sabendo o que era “aquilo no sovaco de Bira”.


3 comentários:

  1. Agora que eu sei de sua "rua cinzenta", levarei sempre que puder novidades pra você. Fico feliz por vc ter apreciado "Andrômeda". Ruy cada vez mais afina sua lira, em qualquer território. Abr(carlos barbosa)

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  2. Oi Lidi, ainda li muito pouco de Ruy, mas com certeza é um dos maiores da poesia brasileira.
    Merece muito nossa atenção.
    Em breve quero ler o livro que você mencionou.
    Abraço.

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  3. Querida, na FLICA eu lhe entregarei um presente. Bjs, M.

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