10 de outubro de 2012

Uma lembrança vermelha













 


Quando criança, acreditava que ser policial significava fazer justiça, acabar com a impunidade. Sabia, exatamente, o que seria quando adulto. Sempre quis combater o crime. O problema é que nunca me dei muito bem com corpos ensanguentados. Pensei várias vezes em mudar de profissão. Talvez, não tenha mesmo feito a escolha correta. No entanto, sempre decido continuar tentando. Afinal, tenho apenas dois anos na polícia, devo me acostumar. Numa ocorrência, há um mês, me deparei com um professor assassinado no jardim de uma bonita mansão. Tinha uma expressão de terror nos olhos. Ao seu redor, sangue e rosas vermelhas. Cuidei de todo o caso, tomei as devidas providências e fui embora arrasado. Ao passar por um jovem lavando carros imaginei que, pelo menos, ele chegaria feliz em casa ao fim do dia. Bobagem. Não podia pensar assim. Aquele rapaz que iria gostar de estar no meu lugar. Durante toda a semana seguinte, não consegui me concentrar nos relatórios. A imagem do professor me perseguia e eu resolvi que precisava de férias. Logo estaria bem. Fiz uma viagem ao exterior e, de fato, voltei revigorado. Só necessitava, agora, de um bom banho e estaria pronto para retornar ao trabalho. Vesti de novo a farda e segui para a corporação. Na esquina com a avenida principal, uma floricultura. Lembrei de um homem morto e do seu olhar. Quanto será mesmo o salário de um lavador de carros?

10 comentários:

  1. Lidi,
    Há sempre muita delicadeza nos seus textos. E simplicidade, por isso a impregnação sempre de poesia neles.
    Grande abraço,
    José Carlos

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    1. Obrigada, José Carlos, pelo comentário.
      Um grande abraço.

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    1. Valeu pela visita, Fabrício. Volte mais vezes. Abraços.

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  3. Sou seu fã de carteirinha Lidi; dá um prazer imenso ler o que você escreve. Grande abraço!

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  4. Parabéns pelo blog: textos, imagens e deslocamentos... Passarei por aqui mais vezes!
    Se der, me visite: http://romacomtravesseiro.blogspot.com.br/
    :P

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    1. Obrigada, Jackeline. Farei uma visita ao seu blogue, sim. E passe sempre por aqui mesmo, será bem-vinda. Abraços.

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  5. O vento me leva aonde eu quero ir e, hoje, ele me trouxe ao seu blog para dizer-lhe que estou morrendo de saudades de você. Diga-me alguma coisa: ainda que seja "preciso de tempo e silêncio".
    Abraços,
    José Carlos

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    1. Oh, meu querido José Carlos, bom saber que alguém sente a minha falta. Ainda mais este alguém sendo um amigo especial como você. Estou sumida mesmo por falta de tempo. As aulas do mestrado têm tomado toda a minha vontade de publicar aqui no blogue. Mas farei isto em breve. Agradeço demais o seu carinho e a sua preocupação. Também sinto saudades de você e dos demais amigos da blogosfera. Um forte abraço!

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