21 de junho de 2010














HELL 

       O meu mestre e amigo, Mayrant Gallo, indicou-me o filme francês Hell (2009) de Bruno Chiche, baseado no romance de Lolita Pille. Ontem, assisti a este filme que possui dois personagens principais: Hell (Sara Forestier) e o seu namorado, Andrea (Nicolas Duvauchelle).
Não, não irei contar todo o enredo do filme. Apenas adianto que Hell e Andrea vivem um relacionamento amoroso, mas não ficam juntos. É verdade, revelei o desfecho do filme, mas o que interessa é o como, não é mesmo? Precisava desvendar a separação do casal protagonista para confessar que, quando comecei a suspeitar desse final, torci muito para que eu estivesse errada - era o meu romantismo falando mais alto.
No entanto, quando percebi que o final era, sim, aquele previsto, pensei: de fato, o filme vai acabar desta forma, porque necessita acabar dessa forma, afinal o seu assunto não é o amor de dois jovens que se encontram e vivem felizes para sempre. O assunto do filme é a vida absurda, desajustada; é o não-pertencimento, é o tentar ser o que não é; é o deslocamento, é o tédio; é o jovem que tem tudo e só lhe resta o nada, o fazer nada, além, é claro, de chorar na rua e nos bares, de transar e de se drogar; é o aborto do filho indesejável cujo pai se desconhece; é a família fracassada; é a mãe que não espera, de madrugada, pela filha, mas pelo marido; é o pai que não tem nenhuma moral para reclamar da hora que a filha chega em casa, porque ele chega mais tarde ainda; é o pai que nunca atende ao telefonema do filho, mas o presenteia com um belo carro para compensar a sua falta... 
Enfim, o assunto, ou melhor, os assuntos são esses (e, certamente, outros), tantos e em um único filme. Sim, Hell e Andrea não ficam juntos, mas, analisando bem, isso não tem a menor importância.

5 comentários:

  1. Sim, não tem a menor importância serem felizes juntos. Hell, e o trocadilho não é por acaso, contempla algo mais urgente, uma juventude falida na qual somos espelho, sempre torto. Os assuntos elencados continuarão atuais, a inaugurar outros filmes, outros livros, porque somos "aprendizes do que nunca fomos" (Roberval Pereyr). É isso, beleza de resenha, caríssima. Aquele abraço.

    ResponderExcluir
  2. É fácil encontrar esse filme nas locadoras? Fiquei curiosa pra ver.

    Adorei a decoração nova da casa, Lidizoca! Mas aumenta um pouquinho a fonte do texto, porque formiga é bom pra vista, mas eu não como, não. Rs.

    Beijocas!

    ResponderExcluir
  3. Ah! Os filmes franceses... Verborrágicos, sempre abordando temas intensos. Gosto muito das suas críticas cinematográficas. Abs

    ResponderExcluir
  4. Suas abordagens são ótimas, Lidi.
    Quando teremos novo encontro? Saudade.

    ResponderExcluir
  5. Ficou ótimo seu comentário, Lidi. Abraço!

    ResponderExcluir