15 de agosto de 2009














PACTO DE SANGUE

Na terça-feira passada, foi o meu aniversário. Apaixonada por cinema e literatura como sou (e meus amigos sabem disso), ganhei alguns livros e filmes. Hoje, assisti - com mais três amigos - a um desses filmes (presente do mestre e amigo Mayrant Gallo): Pacto de Sangue, dirigido por Billy Wilder e com roteiro de Wilder e Raymond Chandler. Baseado no livro Indenização em dobro de James M. Cain, Pacto de Sangue conseguiu prender a minha atenção tanto quanto os filmes hitchcockianos. O filme começa com o corretor de seguros Walter Neff (Fred MacMurray) chegando à empresa na qual trabalha, sentando à mesa do chefe e confessando que matou um homem por dinheiro e por uma mulher, mas não conseguiu o dinheiro, nem ficou com a mulher. Assim, o filme se inicia revelando o seu final, o que prova o fato de que o que mais importa numa narrativa não é o que nela acontece, mas como acontece. Nas primeiras cenas já sabemos qual será o término do filme, mas ele nos envolve de tal forma, que ficamos ávidos em acompanhar a história até o último momento. E o constante suspense chega ao ápice na cena em que Neff recebe o chefe e amigo Keyes (Edward G. Robinson) enquanto espera pela Sra. Dietrichson (Barbara Stanwyck), mulher sedutora e calculista por quem se apaixona. Considerado o primeiro filme noir, Pacto de Sangue desenvolve uma trama que mistura amor, amizade, sedução, sexo (ainda que sugerido), adultério, crime. Um filme com diálogos ácidos e primorosos. O mesmo se pode dizer da narração in off feita pelo protagonista, na qual podemos ouvir, por exemplo: Não conseguia ouvir meus próprios passos. Era a caminhada de um homem morto. Sem esquecer da pitada de humor, na figura do analista de seguros Keyes e seus pressentimentos (seu homenzinho infalível), seu faro para assassinatos. Também chama a atenção a bonita amizade entre Neff e Keyes, motivo pelo qual Keyes, que nunca falhou com seus pressentimentos, jamais desconfiou de Neff: - Sabe porque não conseguiu solucionar este caso, Keyes? Vou lhe contar. Porque o cara que procurava estava muito próximo. Ele estava na frente da sua mesa. - Ele estava mais próximo do que isso, Walter. - Eu também te amo. E aquela inversão no desfecho do filme: Keyes que sempre tinha seu cigarro acendido por Walter, é agora quem acende, provavelmente, o último cigarro do amigo. É a ironia final. Dizem que o próprio Hitchcock, ao assistir a este filme, afirmou ter encontrado, enfim, em Billy Wilder, alguém que pudesse fazer par à sua obra. Se ele disse isso, quem sou eu para discordar do velho Hitch?

11 comentários:

  1. Nosssa, maninha...suas críticas e texto bem escrito me tomammmm. Parabéns, desculpe pela ausência deste blog, mas avise-me sempre que escrever...que dou um pulinho aqui...Ah, dá um pulinho ali no Palatus...bjo

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  2. Jóia, caríssima. Captou muito bem as nuances do filme, ressaltando seus principais atributos, ora da forma, ora do assunto. Enfim, delícia de texto, tão bom quanto o próprio filme. Muito que bem. Aquele abraço.

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  3. Maravilha, Lidi! Enfim esse clube de cinema saiu. Setembro vou aí assistir a um filme com vocês. Parabéns pelo seu texto, limpo, direto, preciso, como um clássico noir.

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  4. Parabéns pelo seu aniversário!
    Receba um beijo.

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  5. parabens pelo aniversário e obrigado pelo texto impecável sobre o filme. valeu como dica.
    bjs.

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  6. Parabéns atrasados (vá se acostumando). E ótima sinopse!
    Bj

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  7. uauauaua também quero participar dessa sessão de cinema! Esse comentário me deixou com água na boca. Virei mais vezes pegar sugestões de filmes. Abraços

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  8. Lidi!
    Desculpa o atraso, mas andei entupida de coisas pra fazer e só hoje consigo parar, ler e comentar.
    Até o meu blog andou esquecido...
    Então:
    Parabéns pelo aniversário!
    E muito obrigada pela dica!

    Beijos

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  9. Oi, Lidi, aqui vão os parabéns - atrasados, mas carinhosos. Continue gostando muito de filmes e livros, livros e filmes! Beijo.

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