16 de junho de 2009

Convite 


 




















O cartaz acima é uma criação do escritor Gustavo Rios. A organização do I Encontro Literário da UEFS o agradece pelo precioso apoio.

7 de junho de 2009















ENCONTROS E DESENCONTROS

Em 2005, quando entrei na UEFS, para cursar Letras Vernáculas, tive, logo no primeiro semestre, a sorte de ter o escritor Mayrant Gallo, que mantém o blogue Não Leia!, como o meu professor de Teoria Literária I. Aprendi  - e continuo aprendendo - muito com este grande mestre e amigo. Por meio de suas aulas, minha paixão pela Literatura se multiplicou e comecei a me apaixonar por Cinema. Um dos filmes que assisti, naquele ano, indicado por Mayrant foi, exatamente, Lost In Translation - em português, Encontros e Desencontros - de Sofia Coppola. Lembro-me que não apreciei muito o filme. Até comentei com Mayrant que o achei monótono. Nem sei se ele ainda se lembra disso. No entanto, naquela ocasião, ainda estava muito ligada aos modelos de filmes hollywoodianos, com finais felizes e previsíveis. Achei monótono justamente porque queria que Bob (Bill Murray) e Charlotte (Scarlett Johansson) ficassem juntos, decidissem, de uma vez, jogar tudo pro ar. Ele, mulher e filhos, ela, aquele marido infantil. Como não foi o que aconteceu (porque não era preciso), acabei me frustrando. Ano passado, assisti de novo ao filme. Meu Deus, como a gente muda nossa visão com o tempo! Hoje, Lost In Translation é, simplesmente, o meu filme favorito. Agora percebo que, na vida, nem sempre temos coragem de ir além, de mudar o status quo, principalmente, quando estamos em meio a crises existenciais, como Bob e Charlotte. Daí a letra da música que Bob cantou no karaokê expressar muito bem o que eles estavam vivendo naquele momento: Folhas caídas durante a noite / Quem pode dizer para onde vão / Livres como o vento / Aprendendo cheias de esperança / Porque o mar na maré / Não pode mudar / Mais que isso. Não esqueço o que Mayrant, comentando sobre este filme comigo, escreveu: Aquele final, ambíguo, lhe dá um sentido maior, que é o da própria vida. Lost In Translation é pura arte. Um filme tocante, belo, sempre atual. Um filme para ser visto e revisto sempre. Um outro motivo que me faz ser apaixonada por este filme é a enorme identificação que tenho com os protagonistas, perdidos em Tóquio, num mundo que não é o deles. Constantemente, sinto-me assim, perdida, deslocada. Hoje, em casa, senti, mais do que nunca, essa sensação de deslocamento. A escritora Renata Belmonte, publicou, em 2007, no blogue Vestígios da Senhorita B., um post sobre este filme e comentou que, ao assisti-lo, se perguntou como alguém poderia ter feito um filme sobre a vida dela sem a ter avisado. Eu também me pergunto isso. No mês passado, dois amados amigos, Bárbara Kelli e Thiago Lins, me deram de presente um DVD de Lost In Translation. Nem preciso dizer o quanto fiquei feliz. Agora mesmo vou assistir, de novo, ao filme de Sofia Coppola, ou melhor, ao meu filme, ao filme da minha vida.

3 de junho de 2009



ENSINAMENTO

Minha mãe achava estudo
a coisa mais fina do mundo.
Não é.
A coisa mais fina do mundo é o sentimento.
Aquele dia de noite, o pai fazendo serão,
ela falou comigo:
"Coitado, até essa hora no serviço pesado".
Arrumou pão e café, deixou tacho no fogo com água quente.
Não me falou em amor.
Essa palavra de luxo.


PRADO, Adélia. In: Poesia Reunida. São Paulo: Arx, 1991.