21 de abril de 2012

A noite















       Tenta dormir. Pela milésima vez, vê o seu rosto. Acorda assustada, suando frio, mas não desperta. Aquela imagem resiste aos olhos abertos. Deus, definitivamente, parou de escutar as suas preces. Oito meses se passaram e ele permanece. Já cortou encontros, telefonemas, palavras escritas e outras dores. Tudo em vão: “o passado não passa”, disse o poeta. A ponte rachou e ela continua no mesmo lugar. Não consegue vislumbrar outro caminho. A noite a invade. Ela se fecha em seu canto e veste os frios lençóis. Tenta dormir.

9 de abril de 2012

Herança
















há uma mangueira em minha vida
não tive barbies, bicicletas
ou festas de aniversário
só uma velha e frondosa mangueira
a mangueira me deu tudo
e eu nunca soube ser muito infeliz

MENEZES, Mônica. In: Estranhamentos. P55 Edições, 2010.

Sim, sei que precisamos separar o eu-poético do poeta. Não faltei a essa aula de Literatura. No entanto, espero que a poetisa Mônica Menezes tenha falado dela quando escreveu os versos acima. Porque ela não merece mesmo "ser muito infeliz". Mônica é uma pessoa linda, uma amiga querida, que merece toda a felicidade do mundo. E não apenas hoje, no dia do seu aniversário, mas sempre. Pois se "felicidade se acha é só em horinhas de descuido", como nos ensinou o velho Guimarães Rosa, torço para que os momentos de felicidade de Mônica sejam constantes. PARABÉNS, amiga. Adoro a tua poesia, adoro você. 

Um pouco mais do talento de Mônica Menezes, clicando aqui.

3 de abril de 2012

Liberdade














Pediu as suas chaves 
de volta, 
implorou para sair
daquela prisão.

Queria voltar a ver a luz,
queria por um fim
em sua aflição.

Mas quando a porta
se abriu,
perdeu as forças
e sentiu o mais completo
abandono.

Agora,
está trancada no quarto
e só deseja a escuridão
e o sono.